sábado, 28 de março de 2009

S.O.S. Terra: Muriqui ou Mono-Carvoeiro

Muriqui ou Mono-Carvoeiro: macaco raríssimo, uma espécie gregária e pacífica, de alta promiscuidade e grande longevidade.

O Muriqui ou Mono-Carvoeiro (Brachyteles arachnoides), considerado o maior primatas das Américas, encontrado originariamente na Mata Atlântica brasileira, consta da Lista Vermelha da UICN na categoria Em Perigo Crítico. É um dos primatas mais ameaçados do mundo. A palavra muriqui significa 'gente tranqüila', na língua tupi.

É um animal dócil, de cor clara, pêlo longo e macio, e tem a face negra contornada de branco. De cauda preênsil, braços e pernas longos e finos, gosta de se balançar nas árvores pela cauda. O adulto mede 80 cm da cabeça à cauda, e pesa 15 kg.

A área de distribuição original do Mono-Carvoeiro se estendia do sul da Bahia até São Paulo, incluindo os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com possibilidades de ocorrência de algumas populações no norte do Paraná. A espécie ocupa hoje matas ombrófilas densas da região costeira e também florestas semidecíduas do interior, situadas entre 600 e 1800m de altitude, principalmente nos Estados de Minas Gerais e São Paulo.

Os Mono-Carvoeiros vivem em grupos numerosos que podem chegar a 30 indivíduos e dificilmente se agridem entre si - não resolvem suas desavenças no braço, e sim no grito. O grupo caminha de forma diferente dos demais macacos: os machos ficam no centro e as fêmeas e os filhotes ao redor. O grupo se dispersa na procura do alimento, mantendo o contato pela vocalização.

De hábitos diurnos, come folhas, frutas e flores. Dorme boa parte do dia e vivem pouco mais de 20 anos.

A mais curiosa de todas as características dos Mono-Carvoeiros, no entanto, está na extravagante promiscuidade das fêmeas. Para que uma fêmea engravide, ela chega a copular com 5 ou mais machos do grupo em que vive. As fêmeas começam a reproduzir aos 7 anos de idade com intervalos de cerca de 34 meses entre os partos. A gestação dura de 7 a 8 meses, nascendo apenas 1 filhote. A guarda das crias fica sempre a cargo das fêmeas, até que completem 2 anos, quando, então, poderão se cuidar sozinhos.

O Muriqui está entre os animais em maior risco de extinção do mundo, devido a caça, destruição de seu habitat natual e baixa taxa de reprodução da espécie. Pensava-se que Monos-Carvoeiros estavam extintos depois de 1926, mas eles foram redescobertos em 1974 nos Andes.

O que está sendo feito - Reserva do Patrimônio Particular Nacional Feliciano Miguel Abdala.
Filhote de Muriqui.

Com área total de 957 hectares e a 391 km de Belo Horizonte, a RPPN Feliciano Miguel Abdala , localizada na Fazenda Montes Claros, em Caratinga-MG, surgiu do ideal de seu fundador, que desde 1976 vinha usando sua fazenda como laboratório natural para a preservação de espécies e hoje a região é um dos últimos refúgios do Muriqui. Devido a caça indiscriminada, a espécie estava reduzida a aproximadamente 10 indivíduos na floresta da fazenda, mas, graças a Abdala e às pesquisas realizadas em suas terras, a população de Muriquis foi estabilizada – o número de mortes já não ultrapassa o de nascimentos – e conta com 150 animais, ou seja, 50% da população total da espécie. Segundo dados da CI-Brasil, da Fundação Margot Marsh e da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Mundial para a Natureza (UICN), o Muriqui está entre as 25 espécies mais ameaçadas no mundo.

A Estação Biológica de Caratinga foi criada em meados da década de 80 para colocar aquele pedaço importante de Mata Atlântica à disposição da comunidade científica. Dentre muitos estudos importantes realizados no local, cabe destaque à pesquisa coordenada pela bióloga Karen Strier, da Universidade de Winsconsin, nos Estados Unidos. Karen pesquisou sobre o comportamento do Muriqui.

Além do Muriqui, vivem na RPPN outros três importantes primatas: o Sagüi-da-Serra ou Sagüi-Taquara (Callithrix flaviceps), considerado um dos mais ameaçados dessa família; o Barbado ou Bugio (Alouatta guariba), que está em situação vulnerável; e em maior abundância, o Macaco-Prego (Cebus nigritus).

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