sábado, 13 de junho de 2009

S. O. S. Terra: Uacari-Branco

Uacari-Branco: o macaco mais misterioso da Amazônia.

Os Uacaris-Brancos (Cacajao calvus calvus) considerados dos menos conhecidos macacos da Amazônia, foram descritos pela primeira vez em 1847 pelo zoólogo francês Isidore Geoffroy Saint-Hilaire. O primata possui diversos nomes populares como Uacaris, Acaris e Macaco Inglês.

Os Uacaris de cara vermelha ocorrem em florestas inundadas dos rios de água barrenta de origem andina, os chamados "rios de água branca". O fato mais marcante na área de distribuição geográfica da espécie é a variação do nível da água ao longo do ano, que chega a 12 metros de altura. O habitat muda completamente do pico da cheia entre abril e junho para a seca de setembro a novembro.

Os Uacaris-Brancos vivem em bandos de até 50 indivíduos e passam a maior parte do dia se alimentando ou viajando em busca de alimentos. Acordam ao alvorecer e chegam a viajar 5 km num só dia. Vivem nos topos das árvores, e raramente descem ao chão. Ao fim do dia, o bando se acomoda em galhos muito altos e sem folhas, como proteção contra predadores, e ocupa três ou quatro árvores para dormir tão logo o sol se põe.

Sua dieta consiste de frutos usualmente imaturos e de casca muito dura, da mesma família da castanha-do-pará, de onde retiram sementes muito ricas em proteínas e energia. Na seca, quando os frutos escasseiam, comem insetos, brotos e néctar.

A gestação dessa espécie de primata dura quase 6 meses, e os filhotes em geral nascem no fim do ano, época mais seca, dependem da mãe até o ano seguinte, quando fazem as primeiras incursões a sós, no entanto, sem se afastarem muito.

Os riscos de extinção vêm da destruição ambiental. O desmatamento e a extração seletiva da floresta constituem as piores ameaças, pois o Uacari-Branco é um dos mais vulneráveis primatas da Amazônia.

O Que Está Sendo Feito - Projeto Mamirauá (Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá)
O Projeto Mamirauá surgiu em 1992, como uma proposta para elaborar o Plano de Manejo da Reserva e realizar a real implantação da Estação Ecólogica Mamirauá. O trabalho que se desenvolve na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá tem um efeito demonstrativo de grande relevância e, sem dúvida, se constitui em um exemplo de planejamento a longo prazo e de uso sustentado de recursos da Amazônia.

Através de orientação e da educação ambiental, com ênfase nas melhores formas de exploração e utilização racional de fontes naturais, como a madeira e o peixe, os pesquisadores do Projeto pretendem manter as comunidades nos locais onde vivem e contar com elas para a fiscalização e preservação de toda a área da reserva. O Projeto Mamirauá insere-se dentro do programa do CNPq de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração, que consiste também em apoiar pesquisa básica em ecossistemas representativos por períodos extensos, acumulando dados para futura comparação.

A Estação Ecólogica Mamirauá, localizada a 600 km a oeste de Manaus, no rio Solimões, foi a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentado do Brasil. Atualmente, é formada por três áreas bem definidas. Uma de preservação permanente, com entrada restrita, outra de uso para as comunidades e uma outra de controle ambiental que servirá de parâmetro para tentar barrar os efeitos predatórios na área utilizada para subsistência pelos moradores locais. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é a maior unidade de conservação brasileira formada por florestas alagáveis, e é a única unidade implementada para proteger o ecossistema de várzea amazônica no Brasil. Esta área foi reconhecida pela "Convenção Ramsar" e integra um grupo de áreas úmidas de importância mundial.

A Reserva abriga várias espécies de animais, entre elas, o Uacari-Branco (Cacajao calvus calvus), o Macaco-de-Cheiro-de-Cabeça-Preta (Saimiri vanzolinii), o Mutum-Piuri (Crax globulosa), o Jaboti (Geochelone denticulata), o Peixe-Boi (Trichechus inungis), o Boto-Vermelho (Inea geoffrensis), o Boto-Cinza (Sotalia fluviatilis), a Ariranha (Pteronura brasiliensis), a Lontra (Lutra sp.), além de mais 340 espécies de aves, 34 espécies de sapos e rãs, 3 de gymnophiona, 15 de lagartos, 10 de cobras e cerca de 300 espécies de peixes.

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